Eternamente chique
A elegância sublime de Jacqueline Kennedy
Os argentinos apaixonados por tango, quando ouvem Carlos Gardel, costumam dizer que, mesmo morto há 66 anos, ele cada vez canta melhor. Quem gosta de moda, cada vez que revê as fotos de Jacqueline Bouvier Kennedy Onassis, pensa parecido: sete anos depois de sua morte, ela está cada vez mais bem vestida.
Resistir ao teste do tempo sem parecer datado ou simplesmente ridículo, como acontece com a maioria dos mortais, é talvez o teste definitivo da elegância.
E, em se tratando desse assunto, nunca houve mulher como Jackie – pelo menos nos Estados Unidos (e fora deles apenas a atriz Audrey Hepburn atingiu o mesmo patamar mitológico).
Nos menos de três anos de governo do marido John, ela criou e marcou para sempre sua imagem: a primeira-dama bonita, refinada, chiquérrima, impecavelmente vestida mesmo quando estava de calça, camiseta e sandália.
Tantas vezes celebrada, essa elegância atemporal ganha agora a mais elevada das homenagens. Inspirado em seu magnífico guarda-roupa, o Metropolitan Museum tem uma exposição chamada Jacqueline Kennedy: os Anos da Casa Branca, que reúne oitenta trajes que usou durante a campanha e o mandato tragicamente interrompido de Kennedy.
Jackie foi um dos maiores ícones de toda a história da moda", resume Amish Bowles, editor de moda da revista Vogue, contratado pelo Metropolitan para ser o curador da mostra.
"Ela teve, e ainda tem, profunda influência sobre a maneira como toda uma geração gostaria de se vestir e até de se comportar." Com Jackie e seu fabuloso senso de estilo, nos Estados Unidos, finalmente,".
'bom gosto' se tornou bom gosto", como definiu a editora e papisa de moda Diane Vreeland, ela mesma uma das mentoras estéticas da primeira-dama.
Jacqueline Kennedy veio ao mundo com o material básico para ser chique: um rosto marcante (que ocultava defeitos, como os olhos separados demais e os dentinhos tortos), seios pequenos, quadris secos, barriga batida e pernas bem torneadas.
Tudo lhe caía bem. Nunca mudou a cor do cabelo, usava pouca maquiagem e foi eliminando os acessórios até chegar à perfeição de sua ausência – exceto pelo lenço amarrado sob o queixo e os óculos enormes, que entraram para a história da moda como o tantas vezes ressuscitado modelo Jackie O.
Seus costureiros preferidos eram os clássicos – Chanel, Givenchy e Balenciaga. Impossibilitada de encher o armário da Casa Branca com modelos franceses, formou uma parceria criativa com um estilista local, Oleg Cassini, de família de expatriados russos.
Imitando daqui, copiando dali, muitas vezes seguindo desenhos da própria Jackie, Cassini produziu para ela tailleurs perfeitos, longos sofisticados, chapéus inesquecíveis – tudo absolutamente simples, seco, sem frufrus. "Gosto de roupas extremamente simples. E detesto estampados", escreveu certa vez à amiga Diane Vreeland.
Vestido de seda desenhado por Cassini: Jackie brilha em um passeio de barco pelo Lago Pichola, na Índia
Em uma viagem sozinha à Índia, onde teve cada passo seguido e fotografado, explodiu como símbolo encantador de uma nova elegância.
Menina rica de elegância inata, burilada em viagens e compras em butiques exclusivas, seu estilo ganhou um glamour extraordinário nos anos da Casa Branca. Fez tanto sucesso numa memorável visita à França, com o marido, em 1961, que o presidente disse na volta, apenas meio brincando: "Eu sou o homem que acompanhou Jackie"
Ganhou tanta estatura simbólica que o assassinato de Kennedy, em 1963, costuma evocar imediatamente duas imagens: o presidente tombando no carro conversível e o tailleur cor-de-rosa manchado de sangue usado por Jackie, nesta foto vocês podem conferir a foto real e a imagem de Kate Holmes interpretando o papel da mesma.
Nada – nem o casamento argentário com o magnata grego Aristóteles Onassis, nem ter sido fotografada sem roupa por um paparazzo, nem os excessos dos anos 70 – apagou seu brilho.
Marcas registradas
O estilo Jackie Kennedy pôs no vocabulário da moda expressões como o pillbox hat, chapeuzinho redondo como uma caixinha de comprimidos que ela usava sempre – muitas vezes fazendo conjunto com um redingote, vestido com cara de casaco que também celebrizou. Outros itens tipicamente Jackie: o colar de pérolas de três voltas, os óculos escuros enormes, a luvinha branca e o sapato raso e baixo.
Jacqueline Kennedy simplesmente acrescentou mais um pilar ao conjunto de sua elegância – um sólido e impenetrável silêncio sobre a vida particular – e, nele encerrada, permaneceu bela, refinada e chique até morrer, vítima de câncer, aos 64 anos.
Usando, até o fim, óculos enormes, lenço na cabeça e sapatos sem salto, um exemplo a ser seguido por nós não meninas ?? Pelo menos no quesito elegância e sofisticação!!!
Quem quiser conferir a vida da elegante Jackeline e da influente família americana Kennedy, pode estar assistindo como já postei anteriormente a série The Kennedys no A&E.